Home office e a necessidade de adaptações à realidade pandêmica devem determinar novos rumos no setor da construção civil
Os quase dois anos de pandemia de COVID-19 foram determinantes para reconfigurar as necessidades de empresas quando o assunto são os imóveis comerciais. Tanto as possibilidades de trabalho remoto quanto o cuidado com colaboradores, clientes e qualquer pessoa que transite pelos escritórios têm gerado novas demandas do setor, o que deve impactar em futuros lançamentos.
Segundo o engenheiro civil Maurício Wildner da Cunha, da Construtora Andrade Ribeiro, de Curitiba, a busca por mais qualidade de vida, algo que movimentou a sociedade neste período, gerou nova visão sobre os empreendimentos comerciais. Cunha aponta algumas características que podem surgir nos próximos lançamentos: ambientes com maior circulação de ar; áreas de convivência maiores, com mais iluminação natural; áreas de carga e descarga independentes das zonas de circulação de usuários; e espaço de atendimento ao público com limitações de contato ou mesmo que tenham atendimento remoto.
“Empreendimentos com fachadas envelopadas com vidro para maior iluminação podem ser uma tendência aplicada à construção civil para melhorar a qualidade de vida no trabalho. Além disso, a renovação de ar com filtragem também pode ser uma tendência, bem como áreas comuns amplas com paisagismo. Outro ponto é o automatismo de catracas e elevadores, evitando o contato com as superfícies”, avalia o engenheiro.
Diego Pisante
Aplicação na prática
Cunha cita como exemplo de construção com essas características o AR3000, edifício localizado no bairro Cabral, em Curitiba. O projeto, da Construtora Andrade Ribeiro, foi planejado para ter ventilação natural em todos os conjuntos, bem como renovação de ar automatizada. “O hall de entrada tem pé-direito triplo, garantindo um ambiente com excelente qualidade do ar, além muita área para circulação dos usuários, o que dificulta aglomerações”, explica.
Além disso, o empreendimento conta com bicicletários, o que oferece aos usuários opção de um meio de transporte mais alternativo e, assim, evitar o uso de transporte coletivo. “Soma-se a isso a localização privilegiada, em área de características residenciais e de fácil acesso, evitando as concentrações de veículos e pessoas”, afirma.
O edifício possui a certificação LEED Platinum, da organização norte-americana United States Green Building Council (USGBC) para fomentar práticas sustentáveis de construção. A classificação leva em consideração requisitos como localização e transporte; espaço sustentável; energia e atmosfera; e qualidade ambiental interna.
Diego Pisante
Demanda
Segundo o engenheiro, ainda que a pandemia tenha trazido impacto para o setor, por causa da migração de trabalhadores para o modelo remoto, com o avanço da imunização a situação tende a melhorar e a procura por imóveis comerciais pode aumentar. “Hoje acreditamos que apenas uma pequena parte dos trabalhadores continuarão em home-office. Logo, a demanda por salas comerciais deve retomar”, afirma.