Com medidas que vão desde evitar o desperdício nas mínimas atitudes até o de repensar atuação no mercado, empresa de marcenaria prossegue com o barco em movimento mesmo em tempos de crise
No ano passado a empresária Patrícia Martins realizou um sonho antigo: participar da CASACOR Minas. Teve sorte. A 25ª edição da mostra superou todos os públicos anteriores, dando aos expositores uma visibilidade exponencial. Foi assim que A Madeiraria, empresa que comanda, de projetos especiais e complementos para áreas em madeira, entrou em um ritmo acelerado de vendas, com a carteira de clientes recheada de novos contatos feitos durante o evento.
Como aconteceu de forma generalizada, no Brasil e no mundo, essa poderia ser mais uma história de quem assistiu o seu balão inflado estourar pela agulha de uma pandemia que pegou todo mundo de surpresa. E, como em momentos de crise a resposta tem que ser firme e, de preferência, rápida, Patrícia não esperou para ver toda a prosperidade que havia alcançado desmoronar em tão pouco tempo. A primeira medida foi acelerar os processos, para garantir que a agenda que já estava em andamento fosse concluída o quanto antes. Afinal, o que destaca sua empresa passa pela inovação e a qualidade do que executa, com a experiência de 13 anos de mercado e mais de 800 obras entregues.
Mas, quando a quarentena se tornou realmente imperativa, a empresa parou por completo. Os funcionários entraram em férias coletivas e Patrícia continuou a trabalhar em sistema de home-office. Para atrair os clientes, ela criou peças de divulgação que foram enviadas pelas mídias sociais para facilitar os negócios que já estavam orçados, mas não fechados. “Queríamos divulgar que a empresa estava facilitando o pagamento e dando descontos para quem fechasse conosco durante a quarentena, com a condição de que os projetos seriam executados após esse período”, explica Patrícia. Deu certo. Não exatamente como quando o vento está plenamente a favor, mas o suficiente para inflar a vela e permanecer com o barco em movimento, criando fluxo de caixa. “Fechamos três grandes projetos com essa medida”, comemora a empresária, aliviada.
Fotos: Henrique Queiroga
Casa do Vinho, de Silvia Carvalho
Paralelo a isso, Patrícia enxergou a oportunidade de trabalhar a empresa de um modo diferente no meio digital. No lugar de anunciar vendas, ela ressaltou a afetividade, criando a campanha Casa Com Afeto, com a qual seus clientes foram incentivados a mostrar, já que estavam reclusos em casa, como estavam utilizando as áreas projetadas pela Madeiraria. “A aderência foi muito grande, com todo mundo mandando fotos e isso resultou em novos pedidos de projetos de reformas, imediatas e futuras”, comenta.
No final de junho a empresária iniciou uma nova etapa de suas estratégias para superar a crise. “Mudamos a forma de trabalhar dentro da empresa e quis passar para a minha equipe que a conscientização do momento ia muito além das medidas higiênicas, do álcool em gel e da máscara protetora. Essas ainda irão perdurar por um bom tempo e, tão importante quanto elas, está o fato de que, de agora em diante, todos vão ter que aprender a economizar em absolutamente tudo, o que significa economizar combustível racionalizando os roteiros, ou evitar desperdícios nas mínimas coisas, como pequenos pacotes de pregos, por exemplo, que antes costumavam ficar esquecidos nas obras”, detalha.
Foto: Petrônio Gontijo
Para conseguir que todos abraçassem a causa e vestissem a camisa da empresa, Patrícia não teve dúvidas ao abrir os custos da empresa para mostrá-los aos funcionários. Comparou o desperdício e a economia que poderiam fazer a partir de então com o valor das cestas básicas que eles sempre receberam. “Não quero reduzir funcionários e eles puderam ver isso o papel. Trabalhando massivamente a conscientização de todos, pude manter a minha folha, não tive que reduzir salários, nem mesmo encolher a cesta básica”, enumera.
Com uma empresa vivendo uma fase de muito menos desperdício, Patrícia acredita que o essencial, agora, é não desanimar, buscar brechas no mercado que até então ela não explorava e seguir em frente. “Antes eu dava preferência para obras com grandes orçamentos e, agora, estamos pegando obras com custos menores pois o mais importante é ter fluxo de caixa”, pondera. É dessa forma que o velho ditado que diz que se dança conforme o ritmo nunca foi tão evidente.