Black Friday impulsiona alta de 94% na logística de materiais de construção

Revista Abreu
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Black Friday impulsiona alta de 94% na logística de materiais de construção

Movimento evidencia o planejamento antecipado do setor e a consolidação de “casa e construção” como uma das categorias líderes de interesse em 2025

Gabriel Gustavo Gonçalves Ferreira, especialista comercial da carteira de bens industriais da Brado, referência em logística multimodal Créditos: Divulgação

A Black Friday ganhou novo peso no setor de materiais de construção. Depois de ocupar a sexta posição entre as buscas dos brasileiros no Google em 2024, a categoria “casa e construção” saltou para o segundo lugar em 2025, sinal de que o consumidor está mais estratégico ao planejar reformas e compras de maior valor agregado.

O comportamento reforça uma tendência já percebida no varejo do setor: o período não estimula compras por impulso, mas funciona como uma janela para quem já está com a obra em andamento ou pretende iniciá-la. Uma pesquisa da joint venture Juntos Somos Mais mostra que 86% dos consumidores que buscam promoções na Black Friday estão envolvidos em reformas ou pretendem começar uma nos meses seguintes, impulsionados por fatores como o 13º salário e o recesso de fim de ano.

Esse padrão de consumo desencadeia um movimento antecipado na logística, e os números confirmam isso. De setembro para outubro deste ano, o volume transportado pela Brado, referência em logística multimodal, para o setor praticamente dobrou: a empresa registrou uma alta de 94%. O salto revela a corrida pela reposição de estoques antes do pico de vendas.

Segundo Gabriel Gustavo Gonçalves Ferreira, especialista comercial da carteira de bens industriais da companhia, as empresas do segmento começam a se preparar já em outubro. “Na carteira da Brado, o segmento de construção é majoritariamente representado por pisos e cimento. Em outubro, já percebemos aumento na reposição dos estoques, porque os clientes passam a embarcar mais sabendo que a Black Friday exige previsibilidade e disponibilidade de produto”, afirma.

Os embarques, originados em São Paulo, têm como destino os terminais ferroviários da empresa no Mato Grosso e no Maranhão. Após chegarem de trem a esses dois estados, as cargas são distribuídas por rodovia para varejistas e distribuidores nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

O especialista conta que a antecipação é fundamental. “O pico de pedidos acontece entre outubro e a primeira quinzena de novembro, e o ciclo médio de abastecimento gira em torno de 40 dias. Esse planejamento é necessário para que os produtos cheguem ao varejo até 15 de novembro, antes do aumento da demanda do consumidor final.”

Apesar do crescimento de embarques antes da Black Friday, a operação ferroviária se ajusta para atender a uma demanda mais ampla. Todo o segundo semestre registra maior movimentação, puxada também por bens de consumo e defensivos agrícolas, o que exige da companhia reforços de capacidade ferroviária, rodoviária e nos serviços de crossdocking.

Em teoria, trata-se de uma boa notícia. Mas, na prática, menos desemprego significa menor oferta de profissionais disponíveis, e o impacto é amplificado na construção civil – um setor historicamente caracterizado por alta rotatividade e forte dependência de mão de obra técnica.

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