Inovação e tecnologia na apresentação de projetos

Lucas Fonseca
13 min de leitura

 TECNOLOGIA

Muito além de facilitar a vida do arquiteto, a tecnologia permite aos profissionais inovarem em outra ponta de trabalho, a interação com o cliente

Não há dúvidas de que a tecnologia é parte integrante da rotina de qualquer profissional de arquitetura. Mesmo no passado, as ferramentas utilizadas na área já tinham um ar de inovação tecnológica, mas não se comparam com a proporção dos inúmeros recursos e ferramentas que são empregados hoje.

Do esboço de um projeto arquitetônico até o canteiro de obras, a tecnologia está lá. Mas, ao contrário do que muitos pensam, a tecnologia não foi desenvolvida para fazer o trabalho do arquiteto, pelo contrário, ela é uma parceira para tornar os processos mais rápidos, eficientes, liberando o profissional para desenvolver a sua parte criativa sem se preocupar com as tarefas que facilmente podem ser automatizadas por meio de softwares.

CEO da VHome – startup que desenvolve ferramenta de realidade virtual interativa para a área de arquitetura e design –, Clayton Dorini acredita que todo o tipo de tecnologia e inovação vem pra agregar algo nos processos de trabalho e, de fato, inovar. Porém, ser inovador é um desafio. “Vejo que fica fácil inovar depois de várias pessoas terem testado algo a ponto de, daqui a algum tempo, elas implementarem aquilo sem nem perceber, exatamente porque os principais concorrentes já estão usando alguma solução tecnológica”, afirma Dorini ao acrescentar que cabe aos profissionais nessa situação escolherem se preferem inovar e sair na frente ou esperar para ir de acordo com o mercado.

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Clayton Dorini, CEO da VHome

De ponta a ponta

Se a tecnologia está tão atrelada à inovação, ela precisa ir além de facilitar a vida do arquiteto, ou seja, ela deve chegar também ao cliente, aliando à apresentação do projeto uma experiência de compra diferenciada, que possibilite o alinhamento de expectativas entre as partes.

Tendo em vista que o produto vendido por um escritório de arquitetura é um projeto, e que esse projeto é algo intangível em um primeiro momento, o grande desafio do arquiteto passa a ser em marcar de forma positiva a experiência dos seus clientes. “Marcar a experiência do cliente significa trabalhar o lado emocional dele por meio da tecnologia, mas, além disso, é trabalhar expectativas comerciais e, claro, esperar que esse cliente multiplique essa experiência com seus relacionamentos e que isso se transforme, naturalmente, em indicações de novos projetos para o escritório”, explica Dorini.

No mundo atual, a grande concorrência e a própria internet tornam o processo de venda ainda mais desafiador, seja de um projeto arquitetônico, seja de um objeto ou serviço. Hoje, o produto por si só já não é mais a sua própria propaganda, é preciso mostrar o valor agregado, as experiências que essa compra pode proporcionar, eis que entra em destaque a personalização. “Precisamos entender cada vez mais das necessidades e particularidades de cada cliente, de cada pessoa integrante de uma família para a qual vamos fazer um projeto. Precisamos buscar mais intimismo. Sabemos que um cliente de arquitetura busca qualidade de vida e que tem seus anseios a serem atendidos por meio da execução de um projeto. Despertar a emoção do cliente por meio de um projeto é realizar um sonho dele”, ressalta Dorini.

O CEO da VHome acrescenta que, para que tudo isso aconteça, o arquiteto deve, antes de mais anda, extrair do cliente essas informações e, acima de tudo, absorvê-las e transformá-las em projeto. “Com isso na mão fica mais fácil usar a tecnologia a seu favor, pois esse envolvimento é o principal. O que a tecnologia pode fazer por esse profissional é potencializar o resultado do seu processo junto ao cliente e superar as expectativas dele. É trazer resultados na forma de satisfação e em valor agregado do serviço.”

Realidade virtual interativa

A realidade virtual não é uma tecnologia nova, mas nem por isso ela é utilizada em todo o seu potencial. Apesar de ser mais conhecida para lazer, com aplicação em videogames e aplicativos de celular, a realidade virtual pode ser adotada na arquitetura, possibilitando ao cliente essa experiência única que os processos de compra do mundo moderno demandam.

Não há dúvidas de que muitos arquitetos já tiveram a dificuldade de mostrar a relação entre os espaços projetados, principalmente quando se têm disponíveis apenas as plantas baixas. Em situações como essa, a realidade virtual permite até a pessoa mais leiga visualizar o projeto de maneira mais simples e intuitiva. Ao se sentir dentro do ambiente projetado, o cliente consegue entender com mais clareza as proporções entre os espaços e as decisões que foram tomadas. “Já vi cliente querendo pegar ou tocar em um objeto do projeto e até mesmo caminhar no ambiente, e isso nada mais é do que ele realmente vivenciar o seu projeto. A realidade virtual cria um mundo paralelo no cérebro das pessoas, e isso é uma forma muito legal de perceber as reações do cliente dentro daquele ambiente. Na verdade, a realidade virtual é uma forma de explorar o lado emocional dos clientes”, relata Dorini.

Empresário do ramo de móveis planejados e sempre focado em mostrar aos clientes o valor agregado dos produtos que vendia, Dorini acabou por desenvolver a sua própria ferramenta tecnológica para ajudar nos seus negócios. Hoje, o aplicativo VHome se tornou o seu business principal. “A proposta do VHome é justamente usar da melhor forma a tecnologia da realidade virtual, fazendo com que o arquiteto acompanhe em paralelo o que o cliente vê nos óculos, possibilitando uma interação argumentativa quando o cliente está no ápice do melhor momento experiencial da apresentação do tão sonhado projeto”, explica ele.

Para todos verem

O aplicativo VHome recebe os projetos renderizados de todos os softwares como SketchUp, 3DMax, Lumion, Promob, Revit, além de fotos reais no modo panorâmico ou 360º. Com esses arquivos, a solução cria um tour virtual prático, no qual o próprio arquiteto organiza essas imagens conforme deseja e de maneira estratégica para apresentar o projeto. Após fazer o upload dessas imagens, basta reunir com os clientes e fazer a imersão em realidade virtual.

“Essa é a grande sacada do VHome. O apresentador do projeto visualiza o que o cliente está enxergando enquanto tem o óculos de realidade virtual no rosto, ou seja, visualiza todos os movimentos e pode argumentar todos os pontos do projeto. Particularmente, eu entendo que apresentar projetos não é somente mostrar as imagens, mas sim apresentar e defender todas as soluções criadas com base no briefing. E, de fato, o melhor momento de defender essas ideias é aquele em que o cliente está tendo a maior abertura emocional e o maior impacto em relação ao projeto”, explica Dorini.

Com essa tecnologia, o arquiteto pode colocar uma família inteira em imersão em realidade virtual ao mesmo tempo, podendo visualizar e interagir com cada participante do projeto.

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A utilização do VHome é intuitiva e benéfica tanto para o arquiteto quanto para o cliente

Além de poder visualizar o que o cliente está enxergando durante a imersão em realidade virtual, aumentando o poder argumentativo de convencimento, é possível também contabilizar a diminuição das objeções dos clientes, o que acarreta diretamente na diminuição do tempo para aprovação do projeto, um dos desafios dos escritórios de arquitetura e design. “O momento emocional do cliente ao ser surpreendido numa apresentação 3D, atrelado ao briefing bem feito, é a soma de sucesso para a diminuição das objeções e alterações de maior densidade num projeto. Isso significa tempo para mais clientes.”

Para os arquitetos que já usam a realidade virtual, mais um benefício é o de não precisar contratar mão de obra externa para produção de tours 360º, pois é realmente muito simples criar este arquivo que alimenta o VHome. Para quem ainda não usa esse recurso tecnológico, ele é uma forma assertiva e acessível de implementar a tecnologia como inovação nos projetos, além de agregar valor ao projeto e serviço prestado pelo arquiteto.

O VHome é uma ferramenta muito útil para potencializar esse lado emocional da apresentação do projeto, pois o arquiteto poderá explorar todos os sentidos do cliente durante a sua imersão, podendo aliar ainda ferramentas de toque, cheiro e música. “Imagine o arquiteto apresentando uma imagem com um painel amadeirado numa sala, argumentando sobre a textura da madeira, e entregar uma amostra desse material na mão do cliente. Ou ainda, imagine que o arquiteto registre a obra no atual estágio com uma foto 360º e posteriormente apresenta o projeto do antes e depois usando a realidade virtual – o cliente realmente vê o projeto dele concretizado dentro dos óculos”, ressalta Dorini.

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Durante a apresentação com a realidade virtual, o arquiteto pode utilizar também de outros recursos sensoriais, como o toque e o cheiro

Fato é que o VHome foi feito para todos os profissionais que querem inovar e desejam agregar valor aos seus projetos. A aplicação é acessível tanto para os profissionais autônomos quanto para os escritórios de grande porte. O aplicativo, por exemplo, possui planos de assinatura mensal a partir de R$ 99, com quantidade ilimitada de projetos, imagens, usuários e clientes. Além do software instalado no celular, são necessários também os óculos de realidade virtual, que podem ser encontrados no mercado por um valor médio de R$ 75.

O VHome é muito útil também para apresentações de projetos a distância. O cliente pode estar em qualquer lugar do mundo que o apresentador do projeto vai conseguir visualizar todos os passos do cliente e argumentar como se estivesse na sua presença, um recurso que pode ser muito bem aproveitado em tempos de isolamento social. “Nosso desafio foi criar essa aproximação para driblar esse momento difícil de pandemia. Em alguns casos, clientes nossos enviam os óculos para a casa do cliente, orientam ele a fazer o download do app e fazem a reunião de apresentação do projeto de forma remota. Para isso criamos uma solução em que o cliente tem acesso a uma senha de visitante, sem acesso aos projetos do arquiteto. Esse acesso é momentâneo e monitorado por quem está apresentando o projeto”, explica Dorini.

Aumentar a produtividade, otimizar o trabalho atingindo os melhores resultados. É por essas e outras qualidades que a tecnologia veio para ficar!