Paula Foresti

Projeto: Studio, de Paula Foresti

Fábio Gomides
7 min de leitura
Paula Foresti

 PEQUENOS ESPAÇOS

Nesta edição vamos apresentar o studio onde a jovem arquiteta Paula Foresti vive e trabalha. Com 32m², ela criou um projeto que se destaca por apresentar soluções simples e, ao mesmo tempo, inovadoras, refletindo um estilo de vida que conquista cada vez mais adeptos.

Nascida em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a arquiteta Paula Foresti se fixou em São Paulo há 6 anos. Aportou na capital paulista depois de passar por outras 2 cidades. Apaixonada por grandes centros urbanos, escolheu a maior cidade do Brasil para cursar uma especialização em Design de Interiores. Deixou para trás uma família de origem italiana e a ampla casa onde vivia com os pais para sair em busca dos seus sonhos.

Acervo Pessoal
Paula Foresti

Como não é novidade para ninguém, as grandes cidades estão sendo tomadas pelos studios ou pequenos apartamentos em função de vários fatores, incluindo a falta de espaços para construção de novas habitações, que impacta diretamente no preço do metro quadrado e consequentemente no tamanho dos imóveis e também com relação  ao novo estilo de vida da população mundial, que prefere se livrar dos excessos materiais e viver em espaços menores e mais fáceis de serem mantidos. É dentro dessa perspectiva que Paula elege um studio de 32m² para chamar de seu. Na época que iniciou a busca, ela acionou o amigo, que também é arquiteto, Rafael Miliari, para auxiliá-la na escolha do imóvel. Definida a compra, o próximo passo depois da entrega das chaves foi deixar o pequeno studio com a sua cara. Para isso, Paula lançou mão de todos os conhecimentos adquiridos ao longo de sua carreira, além das experiências acumuladas por já ter morado em 4 cidades diferentes. Por conta disso, ela já sabia muito bem o que queria. Admiradora das linhas retas e do estilo minimalista, a proposta da arquiteta foi seguir uma estética mais clean. “Na arquitetura me atraio muito por linhas retas, limpas, baseadas no modernismo onde o menos é mais. Acho que isso rege também não só a arquitetura do espaço, mas o meu estilo de vida”, aponta.

Extremamente organizada, Paula Foresti acabou transformando essa sua mania de organização em uma espécie de assinatura neste projeto. É possível perceber que tudo foi planejado para estar no seu devido lugar. E o que não aparece a olho nu, está devidamente guardado ou até mesmo escondido. As soluções encontradas são surpreendentes e por este motivo, o studio acaba dando a sensação de ser bem bem maior do que ele definitivamente é. Em apenas 32 m² ela tem um pequeno hall de entrada com uma estante que abriga diversos objetos, uma sala de estar/jantar, cozinha, o quarto, uma estação de trabalho, banheiro, além de um pequeno apoio logo na entrada, que funciona como área de serviço, tirando da vista os objetos de limpeza e manutenção da casa.

A escolha dos móveis e acabamentos foi pensada justamente para dar essa impressão de amplitude e integração. A começar pelo piso, todo em granilite, que avança pelas bancadas e paredes do banheiro, chegando até dentro do box, garantindo essa unidade.

Acervo Pessoal

A cozinha é um show à parte. É impressionante ver como ela, além de linda e extremamente minimalista, é bem resolvida em tão pouco espaço, abrigando todos os eletrodomésticos necessários. As soluções estão ao alcance de quem está cozinhando. A geladeira, embutida na marcenaria, é certamente um dos maiores acertos. A arquiteta criou uma caixa branca delimitando a área de trabalho da cozinha enquanto o entorno, onde estão os armários, recebeu um tom grafite, quase como uma moldura. O fundo espelhado arremata a cena com maestria.

Acervo Pessoal
Projeto: Studio, de Paula Foresti

A sala de estar recebeu um maxi sofá na cor rosa, com três módulos de 90 cm cada. Algo talvez impensável para um apto com estas proporções, mas que contribuiu justamente para causar a sensação de que ele nem é tão pequeno assim. Enquanto isso, a mesa para refeições, localizada estrategicamente, faz a passagem entre o estar e o quarto, aproveitando o último módulo do sofá como um pufe, ampliando a capacidade de lugares. 

Acervo Pessoal

O quarto em si comporta uma grande quantidade de armários, desenhados com o objetivo de criar uma grande área para armazenagem de itens como roupas, bolsas e sapatos, além de outros objetos. Como a arquiteta já possuía uma cama box, optou por retirar os pés e criar uma caixa em marcenaria envolvendo a base, fazendo-a parecer uma cama em madeira. Uma solução de baixo custo, mas que trouxe um ar requintado para o quarto quando combinada com a cabeceira e com as roupas de cama. O charme são as almofadas assinadas por ela, em coleção para a Codex e para a luminária, instalada como uma intervenção artística, simulando o formato de uma pipa que avança pelo pequeno escritório.

Acervo Pessoal

A marcenaria da sala de estar, quarto e banheiro seguem no mesmo tom de madeira, fazendo com que a integração entre todos os espaços esteja em perfeita sintonia.

Quando questionada sobre o principal desafio de adaptar este pequeno apartamento para ser transformado em um lugar onde conseguisse viver, trabalhar e receber amigos, Paula destaca: “Acho que o maior deles certamente foi gerir várias equipes, a chegada e instalação de materiais em um espaço tão pequeno enquanto tudo acontecia ao mesmo tempo”. Viver cercada do que considera básico, longe dos excessos, certamente influenciou positivamente a maneira como a arquiteta planeja seus projetos e a sua relação com o meio-ambiente. Este projeto é a perfeita materialização da síntese “menos é mais”.