Sig Bergamin

Fábio Gomides
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 MAXIMALISMO

Considerado um dos ícones do Maximimalismo, José Antônio Sig Bergamin ou simplesmente Sig Bergmamin é, sem sombra de dúvidas, um dos arquitetos brasileiros mais respeitados em todo mundo e, por conta disso, possui um extenso volume de projetos no exterior. Vivendo entre São Paulo, Paris, Miami, Bergamin construiu uma carreira pautada na criatividade e na fuga aos padrões impostos pelo mercado.

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Sig Bergmamin

As primeiras experiências de Sig Bergamin com o design de interiores vieram aliás ainda na adolescência, na pequena Mirassol, no interior de São Paulo. Seu faro estético já dava os primeiros sinais desde os 15 anos de idade, quando se aventurou na experiência de decorar o próprio quarto usando as referências que tinha na época, além de alguns metros de tecidos comprados nas lojas Pernambucanas. Depois dessa experiência, ele surpreendeu ao decorar o clube de sua cidade para um baile de carnaval), mas o mais surpreendente é que ele mesmo não pôde frequentar a festa na época, pois ainda não tinha idade suficiente para tal.

Anos mais tarde, graduou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos e sua vida mudou radicalmente depois que ele projetou a boate The Gallery, que revolucionou o conceito da noite paulistana na década de 80. Esse trabalho projetou o conceito Sig Bergamin e foi responsável por aproximá-lo de diversos clientes. Durante muito tempo, ficou conhecido por ser um dos arquitetos preferidos pela da high society paulistana e por ter vários clientes famosos como Jô Soares, Maitê Proença, Nizan Guanaes, entre outros.  

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Foi um dos primeiros a investir na abertura de um escritório fora do país. E a escolha na época foi por Nova York, onde também possuía um agente contratado para representá-lo, apresentando seu trabalho a grandes revistas e clientes, o que contribuiu para projetá-lo para todo o mundo, conquistando clientes em diversos países além do Brasil como Estados Unidos, França, Inglaterra, Portugal, Uruguai, só para citar alguns exemplos. Todo esse sucesso, obviamente não veio por acaso, mas o fato é que Sig criou um estilo muito único, que se tornou sua marca registrada. Ele consegue misturar diversas referências e estilos com muito humor, técnica e um refinamento sem igual. Ele se denomina como apreciador de todos os estilos e usa todos eles nos seus projetos. Ele consegue ser ao mesmo tempo clássico, moderno, eclético, étnico, além de vários outros. Dessa forma, prefere não estar preso a nada além da sua própria criatividade. Seu processo criativo segue livre de qualquer fórmula. Ele simplesmente se joga de cabeça no abismo e assume o risco de sua criação. A única coisa que ele não abre mão nesse processo é de trabalhar em um ambiente silencioso. Qualquer outra pessoa se aventurando pela proposta de Bergamin, poderia cair facilmente na linguagem kitsch, mas ele jamais entraria nesta seara desavisado. A não ser que esta fosse a sua proposta, o que ele faria com maestria. O interessante é que, apesar de toda essa identidade, você jamais vai entrar numa casa decorada por ele e identificar que Bergamin é o autor do projeto. Isso porque, de acordo com ele, a casa precisa e deve ter a cara dos seus donos. Ou seja, ele jamais consegue repetir uma solução criada para um projeto passado em um atual. É uma eterna reinvenção. “Cada projeto é único e temos sempre que unir 2 coisas: a vontade do cliente e a minha percepção. Isso sempre vai gerar projetos diferentes e inusitados. Não existe uma fórmula mágica para decoração.  Temos que estudar, entender e pesquisar muito. Todo esse trabalho é que gera o resultado final”, conclui.

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Ao contrário do que possa parecer, ele não encara o crescimento do movimento minimalista como uma ameaça. “Acho que tudo tem seu momento e tem profissionais para todos os gostos. O cliente pode optar por um profissional mais minimalista, com um olhar mais biofílico ou mais maximalista. O importante é ter opções e você ter uma casa ou escritório onde você se sinta bem”, finaliza.

Sig é frequentemente abordado por outros profissionais, principalmente pelos mais jovens, que se dizem influenciados diretamente por seu trabalho. “Sempre recebo mensagem de gente que se inspira em mim. É muito gratificante!”

Apreciador de viagens, é certamente por meio delas que ele se mantém atualizado com o que acontece no restante do mundo, principalmente com relação às referências étnicas (uma de suas paixões), que ele aplica nos seus projetos. Enquanto a maioria dos profissionais corria até Milão para acompanhar os lançamentos do Saloni Del Mobile, Sig fazia o caminho inverso, explorando lugares como Índia, se enveredando por todo aquele universo carregado de cores, texturas, tramas e sabores. Bergamin é avesso às “tendências” da decoração e para ele, luxo não está associado a dinheiro.

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Ao ser questionado sobre o que não abre mão em seus projetos, ele dispara: “Cor, Arte e Natureza. A mistura desses 3 elementos, em todas as suas formas e combinações mais inusitadas possíveis é o que eu gosto de fazer”. Por conta disso, ele acabou desenvolvendo uma relação de muita proximidade com as artes. É proprietário de várias obras e ao ser questionado se pode ser considerado apenas um apreciador ou já se identifica como colecionador, ele afirma: “Em números, não faço a menor ideia de quantas obras possuo, confesso. Mas eu me classifico como os dois. Sou um grande apreciador e tento sempre buscar conhecer novos artistas, novos talentos. Eu sou a favor da arte, seja ela de quem for! Tem tanta gente boa… temos que dar oportunidades aos novos talentos”.

Sig também é um profundo admirador dos livros, o que acabou tornando escritor e organizador de publicações especializadas. “Meu foco atualmente é o Art Life, que já está à venda no mundo todo e, felizmente, está sendo um grande sucesso! Além disso, o meu livro anterior Maximalism vai ganhar uma reedição no segundo semestre deste ano”, aponta.  Art Life inclusive é uma publicação que destaca essa apreciação de arquiteto pela arte, apresentando projetos do Brasil e exterior que elucidam essa relação.

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Ao analisar toda a sua trajetória, ele não identifica um projeto eu tenha sido mais desafiador em função dos demais. “Acho que o maior desafio é sempre aquele que estamos encarando. É o agora. É o atual momento. E de fato é. Estamos, felizmente, com muitos projetos, trabalhando em meio a uma pandemia e projetando muitas coisas. Isso por si só já é um grande desafio”, destaca.

Com mais de 40 anos de carreira, Sig já teve a oportunidade de experimentar praticamente todas as possibilidades da arquitetura e do design de interiores, mas revelou durante a nossa conversa que gostaria muito ainda de fazer um hotel no meio de uma floresta. Um projeto bem irreverente, com foco na sustentabilidade, e que possa ser considerado como um marco contemporâneo na sua trajetória.

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SP Catarina Aeroporto, o primeiro aeroporto executivo privado do país, tem projeto assinado por Sig Bergamin e o marido, Murilo Lomas. Destaque para a presença maciça de obras de arte em toda a edificação