Arquigrafia 2

Roberto Costa Farias
3 min de leitura

Enquanto, amáveis leitores, fazemos o convite para um “Passeio Arquigrafico”, destrinchamos o que é necessário: roupas confortáveis, lápis e molesquine, cantil com lancheira e um olhar arguto, disposto a enxergar o que está ocultado.

Enquanto, amáveis leitores, fazemos o convite para um “Passeio Arquigrafico”, destrinchamos o que é necessário: roupas confortáveis, lápis e molesquine, cantil com lancheira e um olhar arguto, disposto a enxergar o que está ocultado.

Se a cidade for a soma de suas arquiteturas, e nem sempre é, como contará a sua história ? história essa registrada com o legado em material bruto, rígido como pedras, tijolos, ferro, concreto, madeira, aço e vidro. Em muitas situações, construções anteriores deram e continuam a dar lugar a novas edificações. Em muitos casos prédios antigos receberam tantos desenhos atualizantes a cada década em contínuo palimpsesto, num reescrever recorrente. O que nos conta essas redações, verdadeiras crônicas concretas, operosos urbaNAUTAS? Que os gostos superam os gostos anteriores? Que os modismos são levados em conta para reforçar o descaso com história e cultura? Que não há apego pelo que é nosso?

Que o bom gosto e o bom senso deixaram de grassar? Que não há régua e compasso nas mensagens arquigravadas? Que sucessivas descaracterizações conferem perdas irrecuperáveis ao conjunto? Que se quebra a unidade?

Na poeira de escombros recentes veremos os soluços dos vultos ultrapassados (anteriormente vultos do nosso passado). Nas novas composições veremos o futuro, ou apenas a tentativa inócua de reter o presente que já se vai amanhã, transformado em passado recente. Vazio de histórias, esvaziado de conteúdo, seco de emoções e deserto de fatos relevantes. Condenar ao simplório tudo que não trás o tesouro do pertencimento.

Interessante verificar que países antigos receberam e vendem seu acervo da arquitetura permanente da escrita arquitetural de cada época em harmônica combinação encimada pelo respeito aos bens edificados, para nativos, visitantes e turistas. Alcançaremos o tempo em que esse exemplo será incorporado ou já não teremos esses exemplares construtivos de pé?

Texto de autoria de Roberto C. Farias, publicado na Coluna UrbaNauta do portal Notícias do Centro – A VOZ DO BAIRRO ONDE MACEIÓ NASCEU