Exposição “Vetor Vivo”, de João Diniz, discute a transversalidade entre arquitetura, arte e tecnologia

Fábio Gomides
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João Diniz

Reunindo 10 esculturas criadas pelo premiado e multifacetado arquiteto mineiro João Diniz, em formato de estruturas, além de um recorte expressivo acerca da produção desenvolvida ao longo de sua carreira, e de um filme sobre a sua relação com a arquitetura do aço, a exposição “Vetor Vivo” marca a reabertura do MM Gerdau, o Museu das Minas e do Metal.  Todas as obras são inéditas e foram concebidas a partir de um convite da Gerdau para o arquiteto, que também é artista. A mostra já está aberta ao público e pode ser conferida tanto presencialmente quanto virtualmente, por meio da plataforma Google Arts&Culture. Há ainda a opção de fazer parte de uma das Visitas Virtuais Mediadas pelo setor Educativo do museu, oferecidas semanalmente ao público.

Foto: Lucas D'Ambrósio
João Diniz

Criada inicialmente para celebrar o Dia Nacional do Aço (comemorado em 09 de abril), a exposição estava prevista para entrar em cartaz em 2020, mas precisou ser postergada em função do avanço da pandemia.

 

A exposição apresenta esculturas em aço, que surgem com a proposta de materializar a composição de ideias espaciais, sejam elas artísticas ou arquitetônicas. Por este motivo, são determinadas pelo autor como es.cult.trut.uras. Esse diálogo entre as duas áreas é uma linguagem muito presente nos trabalhos de João Diniz. As esculturas que integram o acervo foram construídas a partir do aço fornecido pela Gerdau e foram concebidas de formas experimental e gestual a partir de maquetes em madeira. O arquiteto optou por trabalhar o aço de forma livre, comprometendo-se apenas com as geometrias poliédricas.

Fotos: Lucas D'Ambrósio

A experiência de João Diniz com o aço aparece representada em dois momentos distintos. Inicialmente ela mostra os projetos realizados por ele ao longo de sua carreira, que são descortinados ao público a partir de um filme produzido por Daniel Ferreira e Bel Diniz. Com 24 minutos de duração, a obra audiovisual se apresenta como parte fundamental para a compreensão da mostra uma vez que estabelece um paralelo entre as estruturas expostas no museu (que sugerem uma espécie de arquitetura futura) com o real, demonstrando o que já foi construído pelo autor. João Diniz possui inclusive uma estreita relação com o audiovisual, colecionando uma vasta produção como realizador, que pode ser conferida em seu canal no YouTubeNo segundo momento, ela revela peças esculturais ou estruturas produzidas em aço e fabricadas pela Accero onde o artista demonstra as possibilidades estruturais, de estabilidade e de composição plástica com as barras de aço ou vetores, sugerindo uma integração solidária entre as partes. Dessa forma, as estruturas podem ser vistas pelo público como um exemplo de união e complementação interativa entre interesses comuns, fazendo uma analogia com o que pode acontecer tanto numa peça metálica quanto na sociedade.  

 

“Os espaços construídos geralmente surgem a partir de uma ordenação inicial que os mantém rígidos, funcionando como o esqueleto básico que determina sua forma. À essa ordem estabilizante se dá o nome de estrutura, concebida a partir de preceitos geométricos onde o peso da edificação é conduzido ao solo através de linhas de força que correm por elementos físicos também chamados de vetores”, explica João Diniz ao justificar sua escolha por um sistema criativo mais fluido, fugindo do convencional tradicional ao longo do processo.

Foto: Lucas D'Ambrósio

Para Wendel Gomes, diretor de mineração e matérias-primas da Gerdau, a mostra é uma celebração do aço, que é uma das matérias-primas mais versáteis, além de ser uma das grandes riquezas de Minas Gerais. “Trabalhos como o do João Diniz enchem os olhos por exaltar as várias possibilidades de aplicação do aço e a poesia por trás de sua forma rígida, mas também pela valorização de um material que representa tanto para os mineiros, que vem do solo de Minas Gerais e está presente em tantos aspectos da nossa vida, entre eles na arte”, ressalta Wendel.

 

De acordo com João Diniz, “as peças retilíneas ou vetores estruturais podem ganhar vida a partir de uma manipulação, ao mesmo tempo, racional e intuitiva do aço, o que permite realizar tanto esculturas lúdicas e imaginárias, quanto edifícios reais e duradouros”. Essas duas formas de composição se completam, revelando uma versatilidade que pode ganhar vida a partir de uma manipulação, ao mesmo tempo, racional e intuitiva.

Foto: Lucas D'Ambrósio

Serviço

Exposição “Vetor Vivo”, de João Diniz
Local: MM Gerdau – Praça da Liberdade s/n – Funcionários – BH/MG
Visitação presencial: de terça a sábado, das 11h às 18h, e nas quintas-feiras, das 11h às 21h.