Instalado em um prédio icônico, de 1897, Museu das Minas e do Metal oferece programa de visitas com foco na arquitetura do prédio
O local
Conhecido como “prédio rosa” em função da cor de sua fachada, o edifício que abriga atualmente o Museu das Minas e do Metal, o MM Gerdau, é certamente um dos mais deslumbrantes da cidade, sendo considerado um marco na arquitetura de Belo Horizonte. A construção em estilo eclético reúne várias referências estéticas e foi inaugurada no mesmo dia que a capital mineira: 12 de dezembro de 1897. As características do edifício carregam todos os ideais de construção de uma nova capital para o estado, motivada principalmente pelos ideais ligados à instauração da República.
O projeto original é assinado pelo arquiteto José de Magalhães (o mesmo que projetou o Palácio da Liberdade) e inclui pinturas do artista alemão Frederico Steckel (1834-1921), que também trabalhou na sede do governo estadual. Logo na entrada, entre os detalhes que mais chamam a atenção, está a suntuosa escada em ferro fundido, produzida na Alemanha, inteiramente trabalhada com adornos que remetem ao movimento Art Noveau, o piso em ladrinho hidráulico em tons de ocre, além das colunas em dolomita, que foram pintadas reproduzindo mármore, uma solução estética sustentável, uma vez que permitiu o material original não fosse extraído da natureza. Entre as riquezas arquitetônicas que podem ser conferidas durante uma visita, seja ela física ou virtual, estão as pinturas parietais, o belíssimo Salão Nobre, com seu piso em madeira pinho de riga, confeccionado a partir de um minucioso trabalho em marchetaria, além de muitos outros detalhes que podem ser conferidos nas paredes, pisos, tetos, escadas e varandas do edifício.
Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), o edifício já abrigou inicialmente a Secretaria do Interior, e logo depois a Secretaria de Estado de Educação, o Centro de Referência do Professor e o Museu da Escola. Entre os anos de 2008 e 2010 o prédio entra em um minucioso processo de restauração com o objetivo de resgatar as características originais do imóvel. Ao final do restauro, ele passa a sediar o Museu MM Gerdau, integrando o Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Paralelo ao restauro, o prédio também recebeu um anexo, com projeto assinado pelo renomado Paulo Mendes da Rocha, que buscou integrar a estrutura contemporânea com a construção original, proporcionando um fluxo mais intenso e confortável de circulação.
Desde a inauguração do museu, a equipe do Educativo da instituição mantém um programa de visitas com foco na arquitetura da edificação. Inicialmente atendiam grupos agendados, em sua maioria formados por estudantes. Posteriormente, a programação foi sendo ampliada e passaram a oferecer essas visitas mediadas para todos os públicos, visto que a maioria dos visitantes que entravam no prédio manifestavam interesse em saber mais sobre aquela construção tão impactante. Interessante observar que, durante este roteiro arquitetônico, o público terá a oportunidade de conhecer espaços que os visitantes geralmente não acessam durante uma visita regular ou uma simples ida à uma exposição em cartaz no espaço. Trata-se, portanto, de uma oportunidade única para conhecer as históricas, influências e compreender a relevância deste prédio para arquitetura brasileira. “Acredito que todo esse movimento de aproximação, e talvez apropriação, é fundamental para a valorização da cultura, do patrimônio e construção da cidadania”, destaca a coordenadora do setor Educativo do MM Gerdau, Suely Monteiro.
Fotos: Leonardo Miranda
Com o avanço da pandemia e a necessidade de isolamento social, essas visitas migraram para o ambiente virtual, atraindo a participação de pessoas de várias partes do mundo. Obviamente que a equipe precisou fazer uma série de adaptações tanto no roteiro quanto na linguagem, buscando se adequar ao ambiente digital uma vez que essas visitas atraem pessoas de todas as idades. “Recebemos crianças, jovens e adultos. A proposta de serem mediadas e online possibilita maior interação e adequação de linguagem e conteúdo por parte dos educadores, de modo que o diálogo possa fluir. Também contamos com tradução em LIBRAS, oferecendo a possibilidade de pessoas surdas que dominam a linguagem de participar”, emenda Suely Monteiro.
Antes do fechamento do museu em função da pandemia, as visitas ocorriam de forma presencial. E provavelmente serão retomadas nesta modalidade assim que houver viabilidade. Mas, enquanto não é possível visitar in loco, a solução encontrada foi preparar um roteiro com duração aproximada de 50 minutos, em que os educadores do museu percorrem o prédio com a câmera nas mãos, propondo diálogos e interações com os visitantes à medida em que vão destacando as características e detalhes arquitetônicos do prédio, intervenções e descobertas do restauro, elementos artísticos, históricos, sociais e políticos que impactaram na sua construção. Toda a apresentação segue acompanhada de contextualizações espaciais, auxiliando a compreensão do roteiro.
Foto: Thais Coelho
As visitas iniciam-se do lado de fora do prédio, na icônica Praça da Liberdade, apresentando o contexto em que o prédio está localizado, bem como o impacto da sua fachada na paisagem urbana. E depois seguem pelo interior do prédio. As visitas virtuais mediadas ocorrem às quartas, em duas turmas, às 10h30 e 14h30 e também nas quintas e sextas-feiras, às 14h30. Os interessados em participar devem preencher um formulário disponível no link: https://bit.ly/visitavirtualmediada ou enviar um e-mail para [email protected]