Novos showrooms colaborativos movimentam mercado de arquitetura e decor

Fábio Gomides
8 min de leitura

 ESPAÇOS COLABORATIVOS

O mercado de arquitetura, decoração e design vem acompanhando uma mudança nos últimos meses com o surgimento de espaços colaborativos, que funcionam como hub para diversas marcas e criativos

O mercado de arquitetura e decoração vem acompanhando nos últimos meses, o surgimento de um novo formato de plataforma de representação e vendas, voltada para atender arquitetos, especificadores dos mercados residencial e corporativo, abrindo oportunidades para designers e marcas independentes de conquistarem um espaço físico juntamente com outras marcas. A ideia é agrupar em um mesmo local espaço criações de designers independentes, indústrias ou até marcas já reconhecidas no mercado, demonstrando que existe uma sinergia entre os produtos dispostos nos ambientes. Para isso, eles precisam contar com a expertise de curadores, buscando reunir trabalhos que estabeleçam um diálogo estético. O interessante é perceber como estes espaços surgem com um conceito completamente diferente de uma loja. O foco principal destes novos showrooms está no relacionamento com o mercado e na produção de conteúdo relevante para chamar a atenção a acerca do universo representado.  O formato permite que criadores possam exercer seu ofício de forma livre, não ficando atrelados a grandes empresas como home centers ou indústrias, que acabam exigindo exclusividade e limitando a criação uma vez que são pautadas pelas respostas mais urgentes do mercado.

A ideia de alguns destes espaços é de representar uma casa, com cara de uma habitação real. Reunindo designers independentes, indústrias, importadoras e artistas, funcionam como uma espécie de showroom voltado para lojistas, especificadores, representantes e profissionais atuantes nos segmentos residencial, corporativo, incorporadoras e hoteleiro. A ideia é oferecer todas as soluções em um só lugar.

Inaugurada em março, na região dos Jardins, em São Paulo, a Casa Mollde + Conteúdo nasceu inicialmente com a proposta de criar um espaço colaborativo entre marcas do segmento de decoração. Na estrutura de gestão estão três profissionais que uniram suas expertises para lançar o negócio:  o designer de interiores, Newton Lima, que é responsável pelo projeto e produção dos ambientes, o designer Victor Leite, que assina a curadoria e o Planejamento de Marketing e Conteúdo fica por conta de Alessandra Olivastro, fundadora da Agência Conteúdo.

Fotos: Israel Gollino

De acordo com o Victor Leite, curador da Casa Mollde + Conteúdo, o diferencial deste modelo está na interação: “A casa propõe uma troca de conhecimentos, experiências e insights de arquitetos, lojistas, designers e fabricantes. Queremos promover a troca e a aceleração do desenvolvimento de todos os players do segmento, trazendo o diálogo entre esses profissionais, algo que no dia a dia convencional não seria possível”, destaca. Para demonstrar o dinamismo da proposta, os espaços decorados da casa serão renovados a cada 6 meses, possibilitando que ela assuma variadas formas e configurações.

Fotos: Israel Gollino

A Refúgio Design fica região da Barra Funda, também em São Paulo. Nasceu há quase 2 anos e possui uma proposta semelhante, mas o foco de atuação é mais voltado para incentivar o design brasileiro autoral/artesanal, excluindo a participação de importadores. Além de assumir a comercialização, eles oferecem consultoria para melhoria na qualidade e precificação dos produtos, indicação de fornecedores, estúdio para criação de conteúdo como fotos e vídeos, entre outras ações de relacionamento. Uma das premissas do espaço é promover o design acessível. A Refúgio representa hoje 32 designers e a procura é crescente. “Sentimos uma abertura cada vez maior para o design independente, que tem a mesma qualidade que as grandes marcas, com prazos menores de entrega e com um propósito legítimo de promover a economia local e gerar renda para pequenos e médios fornecedores”, aponta Pedro Garcia, curador da Refúgio Design. Ao contrário de outros espaços, eles não cobram mensalidade, mas sim comissões acerca das vendas e além do espaço físico, também disponibilizam uma loja online.

Fotos: Henrique Padilha

Outro endereço da capital paulista que merece a visita é o Decorlab, que fica na Vila Leopoldina. O espaço nasceu há cerca de um ano, tem pouco mais de 2.000 m² e reúne atualmente 12 empresas. Cada marca possui um espaço físico próprio, além de áreas comuns que podem ser utilizados por todos.  A curadoria inclui peças de diferentes estilos e o foco está no atendimento aos lojistas de todo o país e ao mercado corporativo. No mix estão peças de mobiliário, adornos, objetos, plantas permanentes, peças de design, produtos têxteis, quadros, mesa posta e outros produtos importados e de fabricação nacional. Só nos primeiros 45 dias de 2021, durante o período mais crítico da pandemia, o Decorlab chegou a movimentar 10 milhões de reais em negócios. Para incrementar os negócios, eles organizam as próprias mostras, sendo que a última contou com ambientes assinados por nomes badalados do mercado como Ana Rozenblit, Diego Revollo, João Armentano, Leo Shehtman e Suite Arquitetos. 

Fotos: Divulgação

Em Belo Horizonte, o Grande Hotel Ronaldo Fraga também nasceu com a proposta de ser um espaço compartilhado e vem abrigando cada vez mais “hóspedes” nas áreas de arquitetura e decoração. A primeira delas foi a Kok Nature, especializada em Kokedamas e plantas ornamentais de pequeno porte, que se instalou desde a abertura do espaço, instalado em uma belíssima casa tombada.  Depois foi a vez da Helô Franco, antiquário fundado por um jovem colecionador, especializada em peças de mobiliário europeu e objetos. E agora recentemente, a Madeiraria, empresa focada em apresentar soluções diversas em madeira como decks, pergolados etc, que inaugurou recentemente um espaço voltado para o atendimento de clientes e especificadores.

Divulgação