Os destaques da 31ª CASACOR Rio

Fábio Gomides
9 min de leitura

A maior mostra de arquitetura e decoração das Américas celebra seus 31 anos no Rio de Janeiro

A maior mostra de arquitetura e decoração das Américas celebra seus 31 anos no Rio de Janeiro. Para comemorar a data, nada melhor do que o local escolhido para a festa: pelo segundo ano consecutivo, a mostra é realizada na Residência Brando Barbosa, um casarão deslumbrante em pleno Jardim Botânico. Participam desta edição 43 equipes de arquitetos, designers de interiores e paisagistas e o interessante é observar como estes profissionais emprestaram um olhar bastante contemporâneo para aquela construção que respira história. O resultado é uma CASACOR mais carioca impossível: cheia de bossa, estilo e com aquele ar despojado que só a capital fluminense tem!


São ao todo 45 ambientes, distribuídos em 12 mil m² de área da propriedade, cercada por verde de todos os lados. O tema nacional da mostra “Infinito Particular” está muito bem representado tanto nos projetos quanto na belíssima locação, permitindo a conjunção perfeita da personalidade com a tecnologia. Tudo sem exageros. A proposta deste ano é criar casa com cara de casa. E neste quesito, o Palacete Brando Barbosa é o cenário ideal.

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Pelo segundo ano consecutivo, a mostra é realizada na Residência Brando Barbosa, um casarão deslumbrante em pleno Jardim Botânico

Apesar de ocupar o mesmo imóvel por dois anos, é importante ressaltarmos que as propostas são completamente diferentes. Em 2021, a grande atração foi definitivamente o palacete com sua história, seus adornos e, claro, sua arquitetura. Já em 2022, os projetos assumiram uma pegada completamente contemporânea, demonstrando que há algo de novo ali. Um dos destaques desta edição, foi a utilização da adega subterrânea do casarão, que vale a visita.

 

Outro pronto que merece destaque é a conexão da CASACOR Rio com a arte, que está em toda a parte, contribuindo para deixar os ambientes ainda mais especiais.

Os destaques da CASACOR Rio 2022

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Vitor Niskier fez um retrofit do próprio projeto criado no ano passado, reaproveitando a estrutura e assumindo novos layouts e configurações

Logo ao entrar no casarão, o visitante já é surpreendido com uma ampla sala de estar, assinada por Dado Castelo Branco. É daqueles espaços que convidam para uma pausa. O interessante é observar como o arquiteto conseguiu sintetizar bem o uso da sala, principalmente neste período pós-pandemia, onde a casa precisa assumir vários usos. Por conta disso, o estar também uma mesa de trabalho, que pode funcionar tanto como espaço para leitura como para o home-office. Destaque para o mix & mach com peças assinadas por Dado Castelo Branco em perfeita sintonia com clássicos do design brasileiro como as cadeiras e mesas laterais de Joaquim Tenreiro. Outro ponto alto é a curadoria de obras de arte do ambiente.

 

O Living da Fonte, de Paola Ribeiro, é um espaço que sintetiza muito bem o conceito da CASACOR Rio. Despojamento, elegância sem firulas, muita luz natural e o diálogo perfeito entre as cores, além da forte presença da arte, uma das marcas registradas da mostra.  

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A Sala de estar, assinada por Dado Castelo Branco e o Living da Fonte, de Paola Ribeiro

A dupla Lucilla Pessoa e Renata Caiafa homenageiam o poeta Carlos Drummond de Andrade com um projeto leve e muito equilibrado. O ponto alto são os poemas que aparecem nas paredes e também nas roupas de cama. Chama atenção também as luminárias, desenhadas pelas arquitetas e um outro modelo, confeccionada a partir dos livros, garantindo um efeito surpreendente.

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O ponto alto do projeto assinado pela dupla Lucilla Pessoa e Renata Caiafa, são os poemas de Carlos Drummond Andrade que aparecem nas paredes e nas roupas de cama

Do lado de fora do casarão, chama a atenção dos visitantes o Pavilhão 22, criado pelo arquiteto Mario Costa, outro veterano da mostra. O espaço de 110 m² surgiu em homenagem à Semana de Arte Moderna de 22. Instalado em meio aos jardins, o pavilhão em estilo modernista, inteiramente revestido com brises, chama a atenção pela integração e pelas soluções apresentadas, além da escolha acertada do mobiliário e das obras de arte. Uma bela homenagem ao movimentos artístico que continua impactando várias áreas.  

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Pavilhão 22, criado pelo arquiteto Mario Costa

Ainda na parte externa, no Bam’Boo Bar, de Gisele Taranto, a arte está presente das mais variadas formas. O espaço abusa da tecnologia e conta com uma galeria virtual no Metaverso, reunindo obras de arte generativa, além de transformar a piscina com cor de rosa numa instalação assinada pela artista Maritza Caneca e inclui também a exposição Olhar 2022, que reúne trabalhos de Carlos Vergara, além de jovens artistas da periferia

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O Bam’Boo Bar, de Gisele Taranto, abusa da tecnologia e a arte está presente das mais variadas formas

Outra novidade desta edição é a Vila CASACOR, onde foram criados estúdios, espaços comerciais e casas com métodos construtivos rápidos, limpos e sustentáveis, assim como apresentado na última edição mineira da mostra. Há dois deles: as estruturas metálicas usadas no espaço de João Panaggio; e os módulos metálicos, semelhantes a contêineres, que já vem com tratamento termoacústico. Eles foram usados nos ambientes de Mario Costa Santos; Bernardo Gaudie-Ley e Tania Braida; Caco Borges e Carolina Haubrich; Jorge Delmas; Sérgio Conde Caldas; Rafael Mirza; e Diego Raposo e Manuela Simas. Ambos permitem uma construção rápida – cerca de três meses – e as casas podem até ser, posteriormente, desmontadas e remontadas em outros lugares.

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Os módulos metálicos, semelhantes a contêineres, foram usados nos ambientes (da direita para a esquerda) de João Panaggio, Mario Costa Santos; Bernardo Gaudie-Ley e Tania Braida; Caco Borges e Carolina Haubrich; Jorge Delmas; Sérgio Conde Caldas; Rafael Mirza; e Diego Raposo e Manuela Simas

Outro ponto que merece destaque é constatar que, mesmo numa cidade com tantas paisagens como o Rio de Janeiro, a natureza invade cada vez mais nas casas. Grande parte dos espaços conta com a presença maciça de plantas, confirmando que o paisagismo merece tanta atenção quanto a decoração.

 

Além da exuberância do jardim – que entrou definitivamente em casas e apartamentos com o uso de muitas plantas -, o verde aparece também nas paredes, em texturas, tecidos, materiais.

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As formas da natureza também aparecem impressas em móveis do ambiente assinado por Maurício Nóbrega, e em revestimentos do ambiente de Vivian Remers

Palacete Brando Barbosa: um pouco de história

Vizinha ao Jardim Botânico, a propriedade foi construída em 1860 como parte da antiga Chácara da Floresta pela família Faro, de importantes cafeicultores. Anos mais tarde, foi a residência do importante médico sanitarista Oswaldo Cruz. Mas, seus dias de glória foram vividos apenas a partir da década de 1960, quando Jorge Brando Barbosa e a esposa Odaléa compraram, reformaram e ampliaram o imóvel original usando móveis, arcos, portais, quadros e esculturas garimpados em antiquários, conventos, sedes de fazenda e igrejas do interior do Brasil. 
 
Doado em 2015, ainda em vida, por Odaléa Brando Barbosa ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, o imóvel é sede do Instituto Brando Barbosa (IBB), que no ano passado cedeu o espaço para a realização da edição comemorativa dos 30 anos da CASACOR Rio. Uma dobradinha de tanto sucesso que se repete nesta 31ª. mostra carioca.
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