Atualmente, eixo para ligar o oceano até a laguna por terra, passando por três largos: Sinimbú, Pedro II e Martírios, bem como três igrejas marcantes: Catedral de Nossa Senhora dos Prazeres, Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e Bom Jesus dos Martírios.
A rua radiante e radiosa, Rua do Sol, antes de unir a Ponte dos Fonseca (primeiramente de estrutura metálica, ligada aos transporte sobre trilhos e que foi arrastada por tromba d’água no Rio Maceió, antes desse ter sua foz retificada), passou por redesenhos em seu traçado: antes, a quebrada da Cambona, no percurso do belíssimo Bebedouro, de quintas e granjas com quintais limítrofes com a Lagoa Mundaú, se dava no largo do Pelourinho, defronte a Assembleia Legislativa e rumava noutra quebrada para a Rua Boa Vista. A própria igreja do Rosário, na reforma e ampliação, teve que ser recuada. Muito antes havia mina d’água que olhava das barreiras florestadas da encosta do plano alto.
Na sequência, posteriormente foi calçada, sendo batizada em homenagem ao Imperador Pedro II, quando de sua passagem e comitiva, adornada com a presença da Imperatriz Tereza Cristina, pela capital da província das Alagoas no longínquo século XIX. Na ocasião foi celebrada a missa inaugural da Catedral Metropolitana Nossa Senhora dos Prazeres, no ano da graça de 1859, quando foi cantando o “Te Deum” que é um hino cristão cantado em latim, a expressão completa, “Te Deum Laudamus” significa “Nós te louvamos, ó Deus”.
Celebração no ocidente que feita no último dia do ano, é uma ação de graças.
Mais adiante, nos anos 1930 do século XX, na então república foi consagrada ao paraibano João Pessoa, cujo morte por motivo passional, foi codificada em motivo político, servindo de alavanca para a era Vargas. Nunca deixou de ser Rua do Sol.
Realmente posicionada sob a barreira do antigo Planalto da Jacutinga, hoje bairro do Farol, esse traçado peculiar faz perpendiculares três ladeiras lindeiras (Da Catedral, Do Brito e Dos Martírios) e uma diagonal (Da Boa Vista). No sopé da barreira, ficaram os imóveis voltados para o poente. Foi nos anos 1970 que os imóveis de testada curta, no modelo de colonização portuguesa, casas de meia morada, geminadas, com corredores frente fundos e alcovas, tiveram seus dias abreviados e então remembrados legaram construções maiores, em sua maioria agências bancárias com a enorme e repetida adoção de despassivação térmica nas fachadas, com o emprego maximizado de uma das boas invenções arquitetônicas legadas pelo século XX, os quebra sóis (brises Soleis) do arquiteto franco suíço Le Corbusier, nascido Charles Edduard Jeanneret (1897 – 1965).
A vantagem desse elemento, agora um clássico na arquitetura moderna e contemporânea, é projetar o sombreamento para a construção, dissipando a irradiação térmica e bloqueando a propagação do calor. O brise ou quebra sol funciona como um filtro fazendo com que o conforto ambiental seja alcançado sem a necessidade de equipamentos mecânicos como o aparelho de ar condicionado, muito embora os bancos, utilizem largamente o condicionamento do ar via máquinas.
Estamos reforçando a necessidade da utilização de modelos e recursos em arquitetura, cuja aplicação em Projeto permita resoluções plausíveis de economia e habitat, previstas desde antes da confecção da obra.
É um luxo em nossa concepção, Maceió ter uma Rua, a rua dos bancos, dos correios, do Instituto Histórico e Geográfico, onde o conceito do mestre tenha sido tão largamente utilizado com resultados sortidos e numerosos. São esses capazes de nos conferir verdadeira cartilha conforme preconizado pelo arquiteto Armando de Holanda, em seu já esgotado; “Roteiro para se construir no nordeste”, cuja comparação de uma construção como uma árvore é a perfeita analogia da aplicação do conhecimento construtivo dos Arquitetos. O quebra sol, assim como o CoBoGó é parte da arquigrafia dos que entendem do traçado do bem construir.
Maceió, tão decantada pelas belezas naturais, tem o luxo de possuir uma Rua do Sol com significativos exemplares construtivos de quebra sóis.
Uma Rua com três templos, três largos, cinco ladeiras e uma cambona. Uma Rua com uma ponte sobre um leito seco de um Rio Maceió de outrora.
Que elementar, meu caro urbaNAUTA!
Ensaio dedicado a memória de Paulo Sérgio Brandão Wanderley, nosso amado primo “Besouro” que tanto contribuiu para as Alagoas com seu esforço e trabalho em todas as tarefas que abraçou, e a frente da Lanchonete Bem e do Restaurante Bem
Texto de autoria de Roberto C. Farias, publicado na Coluna UrbaNauta do portal Notícias do Centro – A VOZ DO BAIRRO ONDE MACEIÓ NASCEU