Foto: Patricia Yegros

Novinho em folha, de novo

Fábio Gomides
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Transformar apartamentos antigos em novas moradias, adequadas ao tempo de agora é um desafio que atende a um público cada vez maior.

Há menos de dois anos, surgia em São Paulo uma startup com foco no ramo imobiliário que cresceu vertiginosamente no ano passado e, no início de 2020, estava avaliada em R$ 1,5 bilhão, segundo matéria publicada na revista Exame, em 31 de dezembro de 2019. Batizada de Loft pelos sócios João Vianna, o alemão Florian Hagenbuch e o húngaro Mate Pencz, a empresa, em vez de centralizar suas ações nos imóveis novos, partiu para o mercado secundário. Como afirma Vianna na referida matéria, os imóveis usados geralmente estão nos melhores bairros, onde já não há tanto espaço para construir.

No começo, a Loft atuava somente no mercado de luxo, mas essa preferência mudou nos últimos meses de 2019. Imóveis menores, com menos de 60 metros quadrados também entraram no alvo da empresa, com valores atraentes, a partir de R$ 400 mil. Outro diferencial da startup é que ela atua em várias frentes: compra o imóvel, o reforma e revende a um novo comprador.

Inspirado pela mesma ideia, o arquiteto mineiro Augusto Ribeiro também tem investido nessa proposta. Formado pela Fumec em 2006, foi quando fez uma pós-graduação na UFMG em 2011, sobre gestão e tecnologia na construção que essa ideia começou a ganhar corpo. “Àquela época, queria dar uma reciclada e também suprir o lado do empreendedorismo e gestão que falta nos cursos de Arquitetura”, lembra. E foi nesse momento que Augusto também percebeu que o melhor profissional para acompanhar obras de reformas de pequeno e médio porte é o arquiteto. “Senti que tinha virado uma chave dentro de mim e resolvi montar uma equipe com pedreiro, eletricista e pintor para oferecer o serviço completo de reforma e sua execução”, comenta.

Augusto é também um apaixonado pela capital mineira e, a partir de então, começou a observar com mais cuidado as placas de vende-se em prédios antigos da cidade. “Vi a possibilidade de suprir um nicho de mercado oferecendo uma nova opção: apartamentos antigos que receberiam um projeto de reforma, pensado em um público específico. Estava criada a Novo de Novo. O primeiro empreendimento assinado pela empresa é um apartamento localizado na parte alta do bairro Santo Antônio. “Queria que ele ficasse novinho em folha, pronto para morar, tipo padrão europeu, com cozinha montada, para que quem fosse usufruí-lo pudesse chegar com a cama, as roupas, utensílio doméstico e já se sentisse em casa”, explica.

Augusto acredita que o mercado de BH ainda carrega um traço conservador, mas essa característica não deve demorar muito para ser alterada. A demanda existe e ele tem comprovado isso com o público que visita o imóvel. O apartamento, que originalmente tinha quatro quartos, sendo um suíte, hoje tem três suítes e a proposta de novos usos para a área de serviço. “São apartamentos que remontam a uma época em que as secretárias domésticas dormiam nas residências onde trabalhavam. Hoje em dia isso não é mais usual e é possível dar um novo significado para esses espaços”, comenta.

É exatamente essa sensação de entregar algo novo de novo para o cliente que mais o atrai. Além das alterações na planta, geralmente a parte elétrica, que costuma estar desatualizada, também é toda mudada. A equipe fundamental para que o resultado seja o esperado se vale de um pedreiro, um eletricista e um pintor que, juntos com o arquiteto, formam o quarteto básico para esse tipo de trabalho. Augusto conta que trabalha sempre com as mesmas pessoas, já que assim eles aprendem o jeito que você faz. “Não gosto de trocar equipe. Eles vão conhecendo com o tempo o jeito que você executa o projeto e isso é muito importante para que tudo dê certo”, afirma.

Além dessa proposta, o arquiteto continua executando reformas e projetos de casas, geralmente com foco em imóveis que não ultrapassem os 500m². Sobre a Novo de Novo, ele completa: “É um desafio, de recriar algo a partir do que já está pré-estabelecido, enxergar outras possibilidade e não só maquiar o espaço. Isso é, de fato, ressignificar e essa é uma parte fascinante da arquitetura, pois você adequa antigas propostas ao tempo de agora.”

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